Retrospectiva 2021: confira fatos que marcaram a tecnologia no Brasil e no mundo
20 de dezembro de 2021


Os principais acontecimentos da tecnologia neste ano marcam tendências que veremos nos próximos, como os efeitos do metaverso e a expansão do 5G no Brasil, mas os efeitos do Facebook Papers são imprevisíveis

Arte CNN

Dante Baptistacolaboração para a CNN

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O ano de 2021 trouxe fatos que vão marcar a tecnologia, mas só terão seus efeitos percebidos nos próximos anos.

Não foi um ano que ficará lembrado por lançamentos de produtos, mas por conceitos e serviços que têm muita relação com como nos comportaremos no futuro.

Daqui a alguns anos, quando você estiver pesquisando pelos fatos que marcaram o ano e encontrar essa reportagem, talvez já esteja vivendo, pesquisando e trabalhando dentro de uma nova realidade, e volte aqui para se lembrar, por exemplo, quando ouviu pela primeira vez a palavra metaverso.

Ou talvez você volte aqui para lembrar quando aconteceu o leilão do 5G no Brasil.

Mas 2021 não tratou apenas de metaverso ou da quinta geração da internet móvel. Tivemos um novo sistema operacional para computadores e notebooks, empresas que saíram do país e a companhia mais interessada em explorar esse universo em realidade virtual envolvida com problemas reais que a colocam em xeque. Tudo isso em meio ao segundo ano de pandemia de Covid-19 e o início da vacinação no Brasil.

CNN relembrou esses assuntos em sua retrospectiva 2021 de tecnologia. Confira a seguir:

Facebook Papers expõe negligência da rede social

Poucas empresas estiveram tão em evidência em 2021 como o Facebook/Meta, mas não exatamente por motivos positivos.

Talvez sua mudança de nome para Meta e a maior queda já vista no serviço, ambos no mês de outubro, tenham sido questões até menores quando comparados ao Facebook Papers, série de vazamentos de questões internas da empresa revelada nos últimos meses.

Em resumo, relatórios internos da companhia de Mark Zuckerberg apontaram negligências da empresa em relação à sua responsabilidade em temas importantes, como saúde mental, publicidade direcionada para menores de idade, problemas no algoritmo e manipulação de conteúdos de ódio com o objetivo de gerar polêmicas.

O enorme conjunto de controvérsias que não parece ainda ter terminado pressiona a credibilidade da companhia.

Mas de onde vieram os vazementos? A ex-funcionária Frances Haugen, que deixou a Meta por discordâncias com aspectos éticos e morais da empresa vazou uma série de documentos internos.

Esses dados vêm sendo publicados de forma coordenada por veículos de imprensa de todo mundo, para que não exista uma pausa grande sem novidades vindas da empresa.

O termo Facebook Papers foi cunhado pela imprensa dos Estados Unidos para denominar os dados expostos por Haugen, que trabalhava no setor responsável por pesquisas internas da plataforma.

Segundo a ex-funcionária, a Meta visava o lucro acima de tudo, e esse comportamento a levou a coletar dados da companhia e enviá-los para parlamentares do Congresso e para a autoridade que regula as empresas listadas na bolsa de valores estadunidense.

O volume de documentos vazados é tão grande que foi necessário criar um consórcio internacional de veículos de comunicação, responsável por triar o material e dar publicidade a ele.

Entre as principais revelações vale o destaque para a falta de ação da empresa para preservar a saúde mental dos jovens, mesmo sabendo que as plataformas trazem efeito negativo para esse público.

Há também relatos de que a Meta manipulou seu algoritmo para forçar a polarização política e relatos da atuação – ou falta de – em casos como o ataque ao Capitólio e na falta de intervenção em discursos antivacina.

Facebook muda nome para Meta

Em meio à crise do Facebook Papers, a empresa de Mark Zuckerberg mudou de nome no final de outubro deste ano e agora se chama Meta.

A mudança não afetou o nome do aplicativo, e vale apenas para a companhia que controla, além do próprio Facebook, o Whatsapp, o Instagram e a Oculus.

A Meta se coloca como uma “uma empresa de tecnologia social” e foca diretamente no metaverso e sua ambição de combinar realidade aumentada e virtual.

“Hoje, somos vistos como uma empresa de redes sociais. Mas em nosso DNA somos uma empresa que cria tecnologia para conectar pessoas. E o metaverso é a próxima fronteira, tal como as redes sociais eram quando começamos”, revelou Zuckerberg no comunicado de anúncio.

O CEO da companhia evitou detalhar questões sobre as investigações que a empresa tem enfrentado e resumiu o movimento dizendo que “sempre haverá” questões do presente para trabalhar: “Eu sei que algumas pessoas acreditarão que essa não é a hora de focar no futuro, e quero reconhecer que há questões importantes para serem trabalhadas no presente. Sempre haverá”.

Zuckerberg revelou também que a estrutura corporativa não será modificada, apenas a forma com que os resultados financeiros serão compartilhados, divididos entre os aplicativos e a “Reality Labs”, divisão que cuidará dos temas relativos ao metaverso e realidade virtual.

Desde 1 de dezembro a empresa utiliza a sigla MVRS na bolsa de valores. Junto com a mudança de nome, houve intensa divulgação de conceitos de metaverso, que incluem recursos sociais, jogos e ambiente de trabalho.